O TRÍPLICE PROPÓSITO DA PROFECIA
O Tríplice Propósito da Profecia
(TEXTO: 1 Coríntios 12.4-10; 14.1-5)
I - INTRODUÇÃO
Os dons do Espírito, são de suma importância para a Igreja de nosso Senhor e Salvador Jesus, pois os mesmo tem como objetivo equipar a igreja do Mestre para a obra que lhe foi confiada.
II - OS DONS ESPIRITUAIS
1. A situação em Corinto. Os crentes de Corinto tinham dons espirituais (1.7), mas muitos eram imaturos, insubmissos, ignorantes da doutrina reveladora dos dons, além de carnais. Em uma igreja é possível haver crentes fervorosos, que gostam de movimento e agitação sem, contudo, haver espiritualidade real, advinda do Espírito Santo. Às vezes o que parece fervor espiritual é mais emocionalismo, resultante de motivações e mecanismos externos. Tal fervor é passageiro, ao passo que a verdadeira espiritualidade está intimamente relacionada ao exercício da piedade e da vida cristã consagrada (Ef 4.17-32).
O crente experiente na fé pode ser “fervoroso no espírito” (Rm 12.1,2,11). Porém, é preciso entender que essa maturidade cristã, não vem primeiramente pelo exercício dos dons ou pelo tempo de conversão.
- Dons espirituais sem o fruto do Espírito (Gl 5.22; Ef 5.9) Havia abundância de dons na igreja de Corinto (1Co 1.7), todavia não eram utilizados de forma equilibrada, visando o “progresso da obra do Senhor”. Os crentes exerciam os dons para demonstrar níveis de maturidade e de santificação, tornando-se assim, carnais (1Co
3.1), ignorantes (1Co 12.1) e meninos (1Co 14.20).
Não são os atos miraculosos realizados e os diversos dons espirituais (ver Mt 7.22) exercidos que identificam os autênticos servos de Deus, mas os seus frutos. É o fruto que revela a natureza da árvore. O que atesta a autenticidade de um cristão não é primeiramente o que ele faz, mas o que ele é ante a Palavra de Deus (Mt 5.13-16). Os dons têm a ver com o que fazemos para Deus. O caráter cristão com o que somos para Ele.
2. Conceito (vv.4-6). Dom espiritual é um atributo especial, dado pelo Espírito Santo a cada membro do Corpo de Cristo, de acordo com a graça divina, para ser usado dentro do contexto do Corpo.
O dom espiritual é dado “de acordo com a graça divina”: o termo grego comum para indicar os dons espirituais é charismata, no singular, charisma, que deriva da palavra charis, que significa “graça”. Por conseguinte, há uma bem próxima relação entre os dons espirituais e a graça de Deus.
Charismata não é um sinônimo exclusivo para os dons espirituais. Esse vocábulo também é empregado com outros sentidos na Bíblia, como se vê em Romanos 6.23: “...porque o salário do pecado é a morte, mas o dom (charisma) gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Também não é a única palavra usada no Novo Testamento para indicar os dons espirituais, embora seja a mais comum. Em 1Co 12.1, lemos: “A respeito dos dons espirituais...”, onde a palavra grega pneumatikós significa, mais literalmente, “coisas espirituais”, ou simplesmente, “espirituais”. Porém, no resto desse mesmo capítulo, quando o assunto é elaborado por Paulo, a palavra charismata é usada cinco vezes.
3. A lista dos dons e uma ilustração. A classificação geral dos dons:
• Uma vista geral dos dons:
A. Aqueles que concedem poder para saber sobrenaturamente – (dons de revelação) Mt 13.11; 1Co 2.10;
B. Aqueles que concedem poder para agir sobrenaturalmente – (dons de poder) At 6.8; 19.11,12; 2Co 10.3-5
C. Aqueles que concedem poder para falar sobrenaturalmente – (dons de elocução) At 13.9-12; 2Pe 1.21.
A) Dons de Revelação
1 – A palavra de Conhecimento. Trata-se de uma mensagem vocal, inspirada pelo Espírito Santo, revelando conhecimento à respeito de pessoas, de circunstâncias ou de verdades bíblicas (At 5.1-10; 10.47,48; 13.2; 15.7- 11; 2Rs 6.8-17; 8.7-15; Jo 2.25; 1.46,47; 4.17,18; 11.4-11; Mt 21.2; Lc 22.8-13; 22.34; At 27.10).
• A palavra do conhecimento não é conhecimento natural;
• A palavra do conhecimento não é um profundo conhecimento da Bíblia;
• A palavra do conhecimento não é conhecer à Deus mediante comunhão com Ele.
- Manifestação do dom da palavra do conhecimento, no ministério de:
• Jesus (Jo 2.25; 4.1ss; 11.4-11; Mt 21.2)
• Pedro (At 10.9-19);
• Ananias (At 9.10ss);
• Eliseu (2Rs 5.21-24).
2 – A palavra de Sabedoria. Trata-se de uma enunciação do Espírito Santo aplicando à palavra de Deus, ou à sua sabedoria, a uma determinada situação (At 6.3,10; 15.13-21; 27.10, 23-24).
Existem três tipos de sabedoria:
a) Satânica (Ez 28.12-17; Tg 3.14-16);
b) Humana (Lc 14.28-32);
c) Divina (1Co 2.6).
- A palavra da sabedoria, no ministério de Jesus:
• Em sua resposta ao homem avarento (Lc 12.13ss);
• Nas respostas aos seus inimigos (Mt 21.25; 22.21,32);
• Nos acusadores da mulher adúltera (Jo 8.1ss).
3) – O discernimento dos espíritos:
• Capacidade especial para julgar se profecias e enunciações proféticas, provêm do Espírito de Deus;
• Poder sobrenatural para detectar o domínio dos espíritos e suas atividades;
• Implica o poder do discernimento espiritual, revelação sobrenatural dos planos e propósitos do inimigo e suas forças.
- O que não é discernimento dos espíritos:
a) Não é habilidade para descobrir falha dos outros;
b) Não é leitura de pensamentos;
c) Não tem relação com a psicologia;
d) VEJA: 1Jo 4.1-3; At 8.10-13; Lc 13.11-16; Mc 9.25; 1 Tm 4.1; Ap 13.14; Jr 23.21-26; Lc 8.29; Mt 24.24
B) Dons de Poder
1 – FÉ. Fé sobrenatural comunicada pelo Espírito Santo, capacitando o crente a crer em Deus, para a realização de milagres.
Existe 3 tipos de Fé:
a) Fé natural;
b) Fé salvadora;
c) Fé como um dom do Espírito.
- As dimensões da Fé:
• Sem fé (Hb 11.6);
• Fé crescente (2Ts 1.3);
• Fé pequena (Mt 14.28-31);
• Fé grande (Mt 15.21-28).
- Exemplos específicos:
• O centurião de Cafarnaum (Mt 8.5-13);
• Um leproso (Lc 17.11-19);
• Dois cegos (Mt 9.27-29);
• O pai do jovem lunático (Lc 9.36-50).
2 – Dons de Curar. Restauração da saúde de alguém, por meios sobrenaturais divinos (Mt 4.23,24; Jo 6.2; Lc 4.40,41, At 4.30; 5.15,16; 9.32-34).
3 – Dom de Operação de Maravilhas. Poder divino sobrenatural para alterar o curso da natureza. Consiste de dois plurais: dunamis (façanhas de grande poder sobrenatural) e energema (resultados eficazes). Esse dom pode estar relacionado à proteção, provisão, expulsão de demônios, alteração de circunstâncias ou juízo.
- Exemplos específicos:
• No ministério de Paulo (At 13.4-12; 19.11);
• No ministério de Pedro (At 9.36-43);
• No ministério de Elias (1Rs 17.8-16-24; 2Rs 1.9-15);
• No ministério de Eliseu (2Rs 4.38-41,42-44; 6.1-7);
• No ministério de Moisés (Ex 15.23-25; Nm 16.1-21-33);
• No ministério de Jesus (Jo 6.5-14; Lc 8.22-25);
• Veja outros exemplos: Js 10.12-15; Is 38.1-8; Ex 13.17-22.
C) Dons de Elocução
1 – Dom de profecia. A palavra mais usada no sentido de profeta, na língua hebraica, inclui a idéia de: BORBULHAR de uma fonte d’água, TRANSBORDAR de um caldeirão fervendo, ALEGRAR-SE com uma visão, e também, DESCOBRIR A VERADE POR OBSERVAÇAO. Portanto um profeta é aquele que fala em nome de alguém, predizendo a maneira pela qual Deus vai agir no meio de seu povo.
A finalidade da profecia:
a) Exortar;
b) Consolar;
c) Edificar a igreja.
- Exemplos específicos do dom da profecia:
• Ágabo profetizou uma grande fome (At 11.28-30);
• Na igreja de Antioquia havia crentes com esse dom (At 13.1-3);
• Na igreja de Corinto (1Co 14.1ss).
2 – Dom de variedades de línguas. Variedade é o mesmo que diversidade (subdivisões, baseadas em ligeiras diferenças) obedecendo sempre um mesmo principio ou fonte. Um exemplo deste dom vemos em At 2.7-12.
Este dom deve ser acompanhado por interpretação de línguas (1Co 14.5,13,23).
3 – O dom de interpretação de línguas. Devemos ter em conta que o DOM é sobrenatural e não pode ser interpretado pelo fato de alguém ter aprendido algum idioma humano. Aqui vemos em foco o que é sobrenatural e não o que é natural.
II. A IIMPORTÂNCIA DO AMOR
1. A relação entre a caridade e os dons (14.1). Os dons não se destinam à realização individual ou manipulação seja do que for, mas servem para o desenvolvimento, crescimento, amadurecimento e edificação do corpo de Cristo (1Co 14.3-5,12,26). Os principais elementos de um culto espiritual encontram-se em 1Coríntios 14.26.
2. A nulidade dos dons sem caridade. Disse Paulo: “O que profetiza edifica a igreja” (1Co 14.4b). O propósito principal dos dons é a edificação do corpo de Cristo, não é promoção pessoal, aquisição de poder político social ou o controle sobre a vida do próximo. Sem o amor, o portador dos dons correrá de modo contrário à edificação da igreja, a sua motivação sempre será a sua auto-promoção. O amor “não busca seus próprios interesses” (1Co 13.5b), por esse motivo o crente amoroso usará seus dons para a edificação do seu irmão. Sem o amor os dons espirituais não “podem cumprir o propósito de Deus”. Por essa razão muitos estão se enganando, buscando o “poder” do alto para oprimir o próximo, isso não vem de Deus. “Qualquer atividade dentro da igreja só terá valor se estiver relacionada como o todo. O trabalho do corpo como um todo é o que importa!”. Portanto: “Faça-se tudo para a edificação.” (1Co 14.26).
3. A perenidade do amor. Os dons têm um lugar especial na igreja e são muito úteis. Mas o amor representa a essência da vida cristã, e é absolutamente necessário. Ele encontra um lugar mesmo entre os dons carismáticos, porém os dons sem a presença do amor são como um corpo sem alma.
O Maior Dom é o amor porque:
a) É o dom mais essencial (1-3);
b) É uma característica acentuada de Cristo (4-6);
c) É o dom mais abrangente (7);
d) É o dom mais permanente (8-13).
III.. O DOM DE PROFECIA (14..3)
O dom de profecia desempenha um tríplice propósito no seio da igreja.
1. Edificação. O palavra “edificação”, em grego, é oikodome e diz respeito à construção de uma casa, semelhante ao uso do termo em português. Portanto, não podemos esquecer que uma das funções primárias da profecia não é destruir a fé dos irmãos, antes fortalecê-la (Rm 14.9; Ef 4.12).
2. Exortação. A palavra “exortação”, em grego, é paraklesis e diz respeito ao ato de encorajar. Através do dom profético, a igreja é encorajada à perseverar em fidelidade, mesmo diante das adversidades (1Ts 5.11).
3. Consolação. O verbo “consolar”, em grego, é paramuthia e diz respeito ao conforto proveniente do dom espiritual de profecia. A igreja é estimulada a ter esperança no Senhor quando esse dom é manifestado, a fim de que essa não perca o ânimo espiritual (1Co 14.31; 1Ts 5.14). Esses termos aparecem em outros contextos bíblicos sem se referirem ao dom espiritual de profecia (Ef 4.12; 2Tm 4.2; Ef 6.22). Em tais contextos, fica demonstrado que a igreja pode ser edificada, exortada e consolada não apenas através desse dom, mas, principalmente, por meio do ensino da palavra de Deus. Por isso, devemos dar o devido crédito à mensagem da Escritura, mas sem desprezar as profecias (1Ts. 5.20) como possibilidade espiritualmente legítima para a edificação, exortação
e consolação da Igreja.
CONCLUSÃO
A falta de disciplina no uso do Dom de profecia tem causado sérios problemas no seio da Igreja. Esta indisciplina pode ser atribuída à falta de preparação por parte de muitos líderes que estão à frente do rebanho (Os 4.6). O dom de profecia é um dom necessário para a edificação da Igreja, mas esta edificação só será possível se a profecia obedecer aos três propósitos, para os quais ela foi designada.
Pr. Daniel Gustavo Sousa Tavares.
VOCABULÁRIO
*ALTIVEZ: Elevado; Nobre; Digno; Orgulhoso; Arrogante.
*CARIDADE: Amor (1Co 13). Hoje em dia “caridade” é amor que se manifesta em atos de ajuda à
necessitados.
*CARISMA: Dom; Graça; Benefício.
*CONSOLAR: (Is 40.1; 2Co 1.4).
*DECENCIA: Honestidade; Decoro (1Tm 2.9).
*EDIFICAÇÃO: (1) Construir (2Sm 7.5; Mt 7.24);
(2) Elevar social e espiritualmente (1Co 10.23; 1Ts 5.11).
*EXCELENTE: Qualidade daquilo que é muito bom e superior a outros (2Co 4.7).
*EXORTAÇÃO: Aconselhar; Animar; Encorajar (Rm 12.8; Tt 2.15). O verbo "exortar", que corresponde a parakaleo (no grego), não tem o sentido de "repreender".
*MARAVILHAS: Ato ou fato extraordinário realizado por intervenção divina; Milagre, Sinal; Prodígio (Êx 7.3; Mt 21.15).
*PERENE: Perpétuo; Eterno; Que dura muitos anos.
*RELEVÂNCIA: Qualidade daquilo que sobressai, que é relevante.
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13-FEV- fonte:
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